sábado, 25 de maio de 2013

O (não) exemplo Islandês .

       Hoje vou falar bem do meu País , em contraponto, ao (não) exemplo Islandês. Não porque o nosso momento seja bom, muito menos exemplar. Longe disso. Nem na vertente da performance da Economia, nem na variante social. Ao contrario, o falhanço é pleno em todas as metas que foram delineadas. A promessa do empobrecimento, essa sim, foi cumprida na plenitude . E, infortunadamente, de uma forma confrangedora e eficaz. A economia afunda-se, e o caminho para o colapso total é agora curto. Requer-se uma Inflexão urgente para reverter este desastre anunciado.  
         Ora, isso não justifica a esquizofrenia insuportável de muitos comentadores quando nos querem iludir com exemplo Islandês. Fico perplexo quando vejo escrito, vezes sem conta, que esse foi exemplar, face o pleonasmo. Que a solução de sair da crise passa, por seguir-mos o mesmo caminho. Discordo em absoluto. Nada mais enganoso, e defendo-o  com toda a convicção. Para facilmente fundamentar porque assim penso, começo por uma constatação sem contraditório. A Islândia faliu, enquanto Portugal está num processo de assistência financeira. A Islândia era um dos Países mais prósperos do mundo. Liderava, ou estava no topo de todos os “rakings” de bem estar. Como por exemplo no “Índice de desenvolvimento humano”.  E,.. colapsou . Colapsou no coração da sua economia, no sistema financeiro, pelo rebentamento da bolha imobiliária.
   Mas como era um País com moeda própria, optou pelo caminho mais fácil . Desvalorizou 70% a sua moeda em relação ao Euro. Esta correcção aconteceu de um dia para outro. O significado pratico é muito simples : também de um dia para o outro os Islandeses viram o seu poder de compra ser corrigido em 70%. De um dia para o outro empobreceram dramaticamente.
    Obviamente que este brutal ajustamento tem uma componente positiva. Tudo aquilo que a Islândia produz passa a ser altamente competitivo pela via das exportações. Verdade que esse efeito acaba por gerar emprego e induz em crescimento económico. Mas vamos á analise dos números que surpreenderam os nossos pseudo “fazedores de opinião”. Ao fim de algum tempo a economia cresceu 3,5% . Parece um bom rácio na conjuntura global, certamente. Mas absolutamente irrisório se comparado com o “downgrade” de 70% que referi . O balanço é assustadoramente negativo. Mas os nossos analistas ficaram altamente DESLUMBRADOS com este desempenho. Ridículo.
   Em Portugal, estamos perante uma conjuntura decepcionante , como referi ao principio, mas apesar de tudo positivamente diferençável do caos Islandês.
    Tudo isto na Economia . Mas fico também esclarecido quanto á “massa” que compõem o celebro  dos nossos “opinion Makers” . E agora em relação ao julgamento de Políticos. Também aqui todos ficaram deslumbrados por os Governantes Islandeses  terem ido a julgamento ,em tribunais civis, pelos danos causados pelas suas Politicas. Até o Primeiro Ministro foi a julgamento. Sim, Isso é Verdade. Toda a gente aplaudiu .  Ora, interessa saber o resultado. Pois bem, foram todos absolvidos, sem excepção !  Só que isso já não foi noticia. Isso já não empolgou os “media” Portugueses.
  Mais ainda, a Islândia foi a eleições legislativas á 3 semanas atrás . E sabem o que é surpreendente !?  Ganhou o mesmo partido que levou o País á Bancarrota!!  E aqui como uma particularidade inédita. Este partido de centro direita que ganhou as eleições foi o mesmo que governou durante 17 anos ( repito 17!!) e que levou a Islândia ao abismo. De lapidar !   Aqui não há desculpas de heranças de governos anteriores !  
       Percebem agora, os meus amigos, quando referencio o “não” exemplo Islandês. Mas para mim esta constatação é também elucidativa , daquilo que há muito escrevo como o pior défice da nossa Democracia . A ausência de MASSA CRITICA. O País é claramente melhor que as elites que o representam.
    Este DESLUMBRAMANTO (reincido na carga negativa deste adjectivo) permanente pelo que vem “ de fora”  é a maior das forças de bloqueio da nossa sociedade. Esta humilhante submissão, não se justifica por ser-mos a mais jovem democracia da Europa. Esta mentalidade retrógrada, não se desculpa. Altera-se.
   Neste caso que hoje descrevo, estava longe de imaginar que este PROVINCIANISMO BACOCO também era extensível á Economia !!!  Populismo na Economia é doença grave.
Um grande abraço
Joaquim