Estão á porta as eleições nos Estados Unidos. De quatro em quatro anos, na primeira terça feira (Super Tuesday) de Novembro, o planeta fica suspenso a aguardar a decisão da eleição Americana. Isto, porque mais que qualquer outra eleição Democrática, esta vai influenciar a vida de todos, directa ou indirectamente. Tenho uma ideia clara e penso que inequívoca dos dois candidatos, mas antes disso vou-vos dar a minha opinião como vejo, hoje, os Estados Unidos.
A ideia de um País Consensual é um mito sedutor. Existem duas Américas destintas e até antagónicas. Por um lado existe uma América: Progressista, Cosmopolita, Inovadora, Desenvolvida, Aberta e Tolerante. Do outro lado existe uma outra América visivelmente antagónica. Uma América profunda, Conservadora, Retrógrada, Inculta, Rural, Intolerante e profundamente Religiosa. Desde já clarifico que nada tenho contra a religião, até porque tenho uma formação Católica, Mas tenho tudo contra os fundamentalistas fanáticos que procuram “vender” e impor aos outros os seus princípios extremistas. Ou aqueles que se auto intitulam donos da verdade absoluta e do puritanismo Religioso.
A primeira América que referencio está concentrada nas duas costas(Este e Oeste) e nos grandes Centros Urbanos como : Nova York, Lós Angeles, Chicago, Detroit. A outra América profunda encontra-se nos estados interiores como : Kansas, Oklahoma, Arkansas, Arizona. Sem qualquer pretensiosismo, nem querendo generalizar, diria que a América profunda vota no partido Republicano e a América Progressista vota no Partido Democrata.
Conheço quatro estados dos estados Unidos : Florida, Nova York, Pensilvânia e Ohio. Em dois destes estados (Florida e Ohio) mais a Virgínia vai decidir-se a eleição do Presidente dos Estados Unidos. A história diz que quem ganha nestes três estados ganha a eleição Presidencial. Os três estados representam “apenas” cerca de 40 milhões do total do Universo dos eleitores, que são 310 Milhões. A importância destes estados explica-se por dois factores: Primeiro porque em todos os outros estados tudo está decidido. Como referenciei atrás existe um fosso cultural que indexa á priori a preferência partidária. O outro factor tem a haver com o sistema eleitoral americano. A participação no colégio eleitoral, é representado por um só partido em cada estado. Quer isto dizer que um só voto de diferença é suficiente para o partido ganhador ficar com todos os delegados desse estado. Este sistema eleitoral é naturalmente apontado por todos como ultrapassado e obsoleto. O mais grave é que pode não ser representativo das intensões de voto. Isso aconteceu em 2000 , na primeira eleição de George W. Bush , contra Al Gore. Bush teve menos votos , mas elegeu mais delegado , logo foi eleito Presidente para mal dos nosso pecados .Não suscita hoje duvidas a ninguém!..
Outro factor que diferencia os Republicanos dos Democratas é o belicismo Republicano. Todos se lembram da guerra das estrelas do Presidente Ronald Reagan, que apesar de ter sido um razoável Presidente deixou um País Ultra endividado. A seguir tivemos o inicio do pesadelo Americano, pela via dos Presidentes Republicanos : Bush Pai e Bush Filho. Este ultimo para vingar os caprichos do seu progenitor inventou a Guerra do Iraque, falsificando eventuais provas da existência de armas de destruição maciça. Aqui começou a decadência da economia global. O mundo foi arrastado para um conflito armado inútil. O ódio Muçulmano contra o Ocidente subiu exponencialmente e implodiu numa ruptura Religiosa. Esta fragmentação resultou em permanentes ataques terroristas. O medo foi generalizado e acabou por ajudar a aniquilar a Economia.
A outra visão da América que vos falava pela positiva, foi protagonizada pela administração Clinton. Em antítese ao ideal Republicano este Democrata brindou-nos como a maior prosperidade económica da história dos Estados Unidos. E sabem qual foi a formula simples? foi a primazia pela Economia que indexou prosperidade e mais equilíbrio social. A economia é tudo menos uma ciência exacta. Bill Clinton demonstrou que é a expansão económica a melhor receita para resolver os problemas do défice e da divida. Na Administração Clinton os Estados Unidos registaram um superavit orçamental. Esta é uma questão fundamental, meus amigos. O idealismo protagonizado pela extrema direita leva ao empobrecimento, fragiliza as contas publicas, e acentua o fosso social.
Ora, o sucesso dos Estados Unidos da era Clinton, contaminou positivamente o resto do planeta, como sempre acontece. O problema veio a seguir. A grande contracção da Economia aconteceu no mandato de George W. Bush. Curiosamente ou não em mais uma Administração Republicana. A desastrosa gestão Bush mergulhou o mundo na maior crise da História, só comparável com a grande depressão iniciada em 1929. E mais uma vez voltou o belicismo Republicano em detrimento da expansão Económica. Geroge W. Bush envergonhou os Norte Americanos aos olhos do mundo. Verdade seja dita que o hoje o mundo começa a ridicularizar a Europa de Angela Merkel ,quase da mesma forma.
Volto agora aos actuais candidatos. Barak Obama inverteu definitivamente a trajectória de decadência que estamos a assistir á quatro anos atrás. Isto acontece em condições tremendamente difíceis. Mais ainda quando temos uma Europa paralisada e na iminência de uma ruptura no seio da União Europeia. No entanto a Economia Americana inverteu a tendência anterior e agora cresce e cria empregos. Para além disso , o Terror foi banido. Já notaram que não ouve um ataque terrorista aos Estados Unidos nos Últimos quatro anos? A frase mais brilhante desta campanha e fatal para os seus opositores foi proferida por Joe Biden (Vice de Obama) : «Bin Laden is dead and General Motores is alive» Impossível o contraditório. Este é o “desvio Colossal” que separa os dois candidatos. Sabemos o valor emblemático da General Motores para os Americanos. Esse valor tema a haver com o sucesso do Modelo Economico que idealizam, e que culmina com o tão proclamado “Sonho Americano”. Uma sociedade livre que privilegia a economia e as liberdades individuais. Paradoxalmente, é pela via dessa combinação que se melhora a formula para o bem estar colectivo. São as liberdades Individuais que sustentam a legitima preocupação colectiva. Ora a preocupação social abona a favor de Obama. Defendeu na campanha eleitoral um serviço Nacional de saúde para todos. Como é possível na sociedade mais desenvolvida do mundo 40 milhões de pessoas não ter acesso ao seu bem estar mais elementar como o é a Saúde. Nos Estados Unidos é vedada a entrada nas Urgências dos cidadãos que não tenham um seguro de Saúde. Um Hospital antes de perguntar pelo estado de saúde do doente, pergunta pela apólice de seguro. É cruel e incompreensível no País que respira Democracia. Obama cumpriu, e tornou a Saúde acessível a todos. Liderou a mudança de paradigma e mentalidade. Nada mais complexo na sociedade Americana. Mas é neste enquadramento que emergem os grandes estadistas. A obra de um Político é valorizada sempre á posterior. Estou convencido que isso acontecerá com Obama, e que ficará na galeria dos notáveis. Como ficaram outros grandes estadistas que lideraram a América em situações de grande dificuldade. Franklin Roosevelt que liderou o País a seguir a grande Depressão e durante segunda guerra mundial. Ou Abraham Lincoln que em 1860 governou durante a Guerra Civil Americana, e conseguiu preservar a União e abolir a escravatura.
O partido Republicano brinda-nos com o seu pior : Mitt Romney. Escolheu um fanático, que agrada á outra América profunda e retrógrada. Retrógrada porque Hipócrita. Mitt Romney é também fanático na Religião. Pertence á Igreja Mórmom (Igreja dos Santos dos Últimos dias) , que defende, por exemplo, a auto-suficiência num mundo cada vez mais global. Defendem a virtude absoluta em detrimento das falhas que os próprios julgam ás outras regiões. Até agora existia o “Tea Party”, como a pior das variantes do partido Republicano. Estes defendem uma sociedade Anárquica e sem impostos , ondem imperam apenas os mais fortes. Desconfio que Mitt Romney envergonharia até o próprio “Tea Party” . Os mais desatentos a esta facção civilizacional, seguramente conhecem Mitt Romney pela sua mais que evidente incompetência. Como é possível o mundo ser liderado por uma personagem que por onde passa fica conhecido pela “chacota” do ridículo . Aqui vou deixo algumas das gafes :
Afirmou que os Árabes palestinos são culturalmente inferiores. Como se pode governar perante tal insensibilidade ?. Na véspera de visitar o Reino Unido afirmou que Londres não estava preparado para a Olimpíada , criando um incidente diplomata. Comunicou aos Jornalistas que não pode responder a mais de 3 perguntas numa viajem ( pois , pudera !). Disse que os seus eleitores pagam impostos para 47% dos eleitores Americanos que votam em Obama e se que fazem de vitimas e dependem do governo/subsídios: Laconicamente disse : « eles acham que têm direito a saúde , comida e casa». Baralhou-se na geografia em relação á Síria ao dizer que a Síria de Bashar al-Assad tem importância estratégica para o Irão , pois « é sua rota para o mar». Interrogou-se «porque é que não é permitido abrir as janelas dos aviões !?» Apresentou o seu candidato a vice-presidente, Paul Ryan, como «the next President of United States». Outra Gafe Brutal ( ou não !) foi quando Romney escreveu em Novembro de 2008 no NYT um artigo com o Titulo : “Deixem Detroit ir á Bancarrota” no intuito de atacar o resgate que Obama fez á Industria automóvel. Todos nos interrogamos: é este senhor digno de ser o homem mais poderoso do Universo? Apetecesse dizer : era só mesmo o que nos faltava!
Vamos ver se o furacão Sandy não vai condicionar a eleição. Penso que não. O governador Republicano de New Jersey elogiou o trabalho da equipa de Obama. Recordam-se da forma desastrosa com que Bush lidou cm o Katrina em 2005? Ou a incapacidade de liderar o País num momento de desgraça. Também nesta matéria Romney mostrou insensibilidade e visão curta ao ter defendido há poucos meses num artigo no New York Times a descentralização e até privatização do FEMA , a agencia nacional que coordena os desastres naturais. Quer dizer que o resgate das pessoas poderia ser feito em função do nível de rendimentos – esta foi uma eventual interpretação, mas que não deixa de ser caricata. Mas não tenham duvidas que esta é visão redutora e medíocre de uma certa facção da Sociedade. Mitt Ronmey não está interessado em criar mais riqueza. Está interessado em concentrar mais riqueza, e afundar ainda mais o ratio da desigualdade. Como por exemplo o facto de 1% dos mais ricos deterem 90% da riqueza. Daí o movimento “Ocupem Wall Street”
Espero a confirmação de boas noticias na terça feira. Volto a reiterar : era só mesmo o que nos faltava outra desgraça a seguir ao desastre Europeu. No contexto Político actual em Portugal esta tragédia seria protagonizado pelo seguidismo e cegueira do bom aluno da errática política de Merkel. Qualquer coisa como , ser-mos um duplo bom aluno : De Merkel e Romney ?! conseguem imaginar o terror !?
Apoio Barack Obama, pelo que acabo de defender. Rejeito convictamente os que rejubilam com a apologia da pobreza, como hoje esta na moda.
Um abraço
segunda-feira, 5 de novembro de 2012
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