sábado, 25 de agosto de 2012
Draghi, também tu super Mário ?
O Presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mário Draghi , surpreendeu os analistas e os mercados pela positiva.
Gosto de Draghi. Revejo-me no seu pragmatismo. É na minha opinião e na qual conjuntura uma excepção á mediocridade geral dos actuais Líderes Europeus. Estes contabilizam fracassos absolutos na sua acção. Também os anteriores presidentes do BCE, primavam por incutir um espírito conservador nas suas politicas monetárias, acima de tudo porque instituíam como prioridade as medidas anti-inflacionistas. Compreendo essa preocupação numa lógica de expansão económica. Mas não no actual contexto de contracção da economia. Sucedem-se cimeiras atrás de cimeiras e a paralisia continua. Chega a impressionar a falta de coragem de tomar decisões. Reina a incapacidade fruto do Egoísmo. O falhanço é total.
Draghi, há cerca de duas semanas atrás bridou-nos como uma mensagem diferente. Finalmente uma voz lucida. Proferiu qualquer coisa como o seguinte : “ O BCE tem mecanismos para resolver esta crise. Acreditem em mim e isso será suficiente” . Simples mas notável, na minha opinião. Não, não foi sequer um problema de tradução, ou um Italiano a expressar-se mal em Inglês. A provar isso, fica a reacção dos mercados financeiros. Foi imediata. Surpreendente até. As bolsas não pararam de subir durante mais de uma semana. O que os mercados apreciaram foi o facto de alguém propor soluções e não desculpas. Finalmente, acção e não retórica. Os mecanismos que Draghi não explicitou mas que os mercados interpretaram imediatamente, tinha a haver com dois pressupostos / medidas: a hipótese da baixa da taxa de juro de referencia para novo record (abaixo dos actuais 0,75%), e também a possibilidade do BCE comprar divida no mercado secundário aos Países agora mais expostos (Itália e Espanha). A primeira medida seria um estimulo apreciável ao crescimento. Recordo que a taxa de juro base da reserva Federal nos Estados Unidos é 0.0%..0,25% - mínimo histórico, precisamente para estimular a economia. Acabo de ler no Diário Economico de hoje que Bernanke ( Presidente do FED) diz existir margem para lançar mais estímulos á economia Norte Americana. É confrangedora a comparação com os “vermes”
Europa. A segunda eventual medida de comprar divida, via BCE, visaria blindar os juros da divida dos Países em dificuldade. No fundo, instrumentalizar o BCE a agir, o que erraticamente Merkel recusa fazer , ou seja a emissão de títulos divida conjunta (Eurobonds). O plano de Draghi culminaria na sua plenitude com o que tenho defendido e escrito á muito tempo. Com esta “tirada” parecia que Draghi estava a preencher o vazio de Liderança, do fantoche Merkel e seus “muchachos”.
Pois bem, infelizmente este foi sol de pouca dura. Durou apenas duas Semanas ! Isto porque o mundo ficou suspenso pelas eventuais medidas que Draghi tinha premeditado.
Mas Draghi, já pressionado, foi um “flop”. Criou expectativas inúteis. Desiludiu em toda a linha. Afinal uma mão cheia de nada. Não só não baixou a taxa de referencia, como decidiu comprar divida apenas se o resgate for solicitado pelos governos de Itália e Espanha. Eu fiquei perplexo!! mas imediatamente entendi : também o Super Mário se vergou vergonhosamente ao Budesbank e á srª Merkel. Espera-se que fosse consequente e não inconsequente, como todos os outros. Esperava-se acção e não inacção. Esperava-se coragem e não cobardia. Impressionante foi a reacção dos mercados financeiros. Ainda Draghi discursava e já as bolsas em todo mundo baixavam 4/5%.Isto eu nunca tinha visto, e á muito acompanho as variáveis que influenciam as bolsas. Inédito. Cruel, mas representativo. A perplexidade que referi, não foi definitivamente um capricho meu.. Esperava-se um Super Mário e afinal saiu um cordeirinho da errática política da Chanceler. Apetece dizer : também tu Super Mário ?
Verdade seja diga que foi a crise do subprime nos Estados Unidos que contaminou em definitivo a Europa. Esta bolha Imobiliária conduziu a uma crise financeira , e esta por sua vez a uma crise Económica. Foi no seio da crise económica que acertadamente os estados injectaram dinheiro na economia para evitar o colapso da mesma. E evitaram mesmo, não se repetiu a grande depressão com inicio em 1929. Mas foi essa injecção de liquidez que induziu na crise da divida. É essa crise de divida que a Europa mostra incompetência de resolver. Incompetência essa que pode levar a uma nova recessão económica, e Global. Esse é o patamar actual. Este é o debata que é urgente lançar. E deixo-vos esta reflexão : é este impasse na Europa que começa agora a condicionar o próprio crescimento dos Estados Unidos. E isso pode ter consequências fatais , ou seja, a não reeleição de Barack Obama em Novembro próximo. Até porque já todos entenderam que o Republicano Mitt Romney representaria um retrocesso não só na economia como também civilizacional.
Voltarei , seguramente e aqui , a emitir a minha opinião sobre a eleição Presidencial nos Estados Unidos, pois esta será decisiva e condicionará o futuro de todos nós.
A União Europeia é o projecto mais bem conseguido da história da humanidade. Nenhum outro se nivelou a este sucesso. Constitui-se sem conflitos armados. Conseguiu-se respeitando a heterogeneidade cultural, com um fim sólido de convergência, de progresso. e bem estar. Tudo isso agora está em causa pela cobardia de quem lidera.
Não tenham duvidas , uma Europa não Unida ou fragmentada será insignificante no quadro global. O sua implosão influenciará a Economia Global , será fatal para a própria Europa, e suicida para a Alemanha. Impressionante alguns não entenderem esta tese.
No simbolismo da ultima Olimpíada, em Londres, Transpôs uma analogia para a Europa e o seu papel no mercado Global. Vejam-se o resultados dos Países por medalhas. Existem dois Gigantes : Estados Unidos e China, e o resto dos Países a grande diferença. Os Resultados, por medalhas, de cada um dos Países Europeus é ridículo quando comparado com os referidos Gigantes. Mas vejam , a Europa esmaga se somarem o conjunto das medalhas dos Países da União Europeia. Repito Esmaga, claramente a concorrência. Até no desporto a Europa é a maior potencia do Globo. Sozinha a Alemanha foi humilhada, no medalheiro da Olimpíadas. Pois,…
Que grande ensinamento! Que grande analogia e ensinamento (reitero) para todas as áreas da sociedade global, da Economia á Política. Que grande lição. É esta a dicotomia de dois caminhos antagónicos. Um levará á decadência europeia, ou a ruina do projecto mais bem conseguido de sempre. O outro a uma Europa dominadora, competitiva, ou o sitio do planeta onde todos ambicionam viver.
Um abraço
Joaquim
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