quinta-feira, 7 de junho de 2012

Passos Coelho, o Provinciano.

Reconheço que simpatizei inicialmente com Passos Coelho. Na forma e até na substância. Na forma, seguramente, pois brindava-nos com uma mensagem pela positiva, sem qualquer pretensão de lavagem de roupa suja em relação ao anterior executivo. Isto era novidade, e em antítese a todos os outros Governos. Na substância porque incutia uma mensagem que o estado deve desperdiçar menos. E que se deve promover as liberdades individuais, com mais iniciativa privada, mais empreendedorismo. A ideia acertada de que com menos peso do estado, naquilo que o mesmo não tem competências para gerir, como o seu sector empresarial, a sociedade se libertava de mais carga fiscal, e isso promoveria o crescimento, a competitividade e o emprego. Na vertente Política era também amplamente meritório o afastamento de Passos em relação ao Cavaquismo na sua vertente mais obsoleta e retrógrada. Mas principalmente o caciquismo do cavaquismo : ou o “dream team” , Dias Loureiro, Duarte Lima, Oliveira Costa, Isaltino,…. Pois bem, mas a verdade absoluta e invariável é que passado um ano, podemos concluir que este é o Primeiro Ministro mais IMPREPARADO da história da democracia Portuguesa. E nesse leque incluo Pedro Santana Lopes, para que não haja duvidas. Vou a seguir tentar fundamentar esta “sentença”. Não sou Político, mas nada tenho contra os Políticos profissionais, pois se prosseguido o seu fim, a política é a mais nobre das profissões , no serviço da “coisa” publica. O mesmo não direi dos “meninos” sem talento que chegam ao mundo dos negócios pela via ”papá”. Calma, nem todos os casos, pois conheço alguns bem meritórios. Mas esses não constituem a maioria. No caso Passos Coelho existe uma terceira via. A via “Angelo Correia”. Desmascarou-se agora essa mentira de Passos como homem dos negócios ou Gestor de empresas. Afinal esta era apenas uma aposta num “jota” , que começou a trabalhar depois dos 30 anos , e que prometia futuro político. Percebem-se agora as tiradas infelizes de Passos Coelho em relação aos jovens que devem Emigrar!, á desvalorização social como factor de competitividade, ao empobrecimento como estratégia de desenvolvimento do País. E agora com essa extraordinária ideia que afinal é uma oportunidade estar-se no desemprego! Que esperança dá este PM a jovem empreendedor ? O crédito vedado, a economia em contracção, por Politicas erradas. .. Não Sr. Primeiro Ministro o mundo real da economia não se resume ao “tacho” de gestor que teve na teia de empresas de Angelo Correia! O mundo Real e as dificuldades das pessoas não são tão redutores como a sua mente julga! Nem toda a gente pode “ir ao pote” como sugeriu, pois o senhor seguramente não sabe o que é estar desempregado, como não sabe o que é ter que desempregar alguém! O senhor não teve que trabalhar. O seu exemplo é um não exemplo. As suas empresas não competiam no mercado aberto. Os seus méritos de Gestão, ou ausência deles, eram insignificantes nos resultados das suas empresas. Mas o que mais repúdio em Passos Coelho é o seu Provincianismo. São duas lógicas antagónicas ser-se da Província ou ser-se Provinciano. Eu sou Beirão ou da Província com todo o orgulho e convicção. Trabalho em Lisboa a mais de dez anos, mas todas as minhas raízes, família e amigos estão na Beira. Quando me chegam noticias da minha terra regozijo-me quando são boas. Procuro relativizar as menos boas. E repugna-me as de pura maledicência, ou demagogia. Esse é também um dos problemas da cidade e do País. A ausência de massa de critica em contraponto com o insulto fácil. Sempre a mesma lógica : auto responsabilizar sempre os outros pelos insucessos colectivos. Ou pior, auto responsabilizar os outros pelas frustrações próprias. Isso é uma variante do Provincianismo. Ser-se provinciano, é sair-se da Província e deslumbrar-se com o mundo. O provinciano quando visita outro País julga ter realizado um feito apreciável, quando a única coisa notável que fez foi passar a fronteira. O provinciano vê sempre a galinha dos vizinhos distantes mais gorda que a dos seus vizinhos próximos. O provinciano tem um complexo de pequenez. O provinciano não suporta o sucesso dos seus conterrâneos. O provinciano sorri de ansiedade com a desgraça alheia mais próxima, mas deslumbra-se com os mais poderosos. Sr, Primeiro Ministro, vou-lhe referir qual é o expoente máximo do Provincianismo. Foi protagonizado por sua excelência. Vamos aos factos. Como já escrevi anteriormente a Europa mergulhou na cise da divida por culpa própria, e não apresenta soluções ,por culpa de quem manda e por culpa dos cobardes como vossa excelência. Esta semana Rajoy falou pela primeira vez nos Eurobonds ( eu já os defendo á cerca de dois anos ). Se existe um problema de divida é preciso blindar os Países mais expostos ao efeito especulativo. Não vale a pena culpar os mercados. A Alemanha de Merkel não terá nenhuma iniciativa para inverter o desastre, até ás eleições do próximo ano. Esta é uma visão medíocre e redutora da Europa, protagonizada por Líderes também medíocres, que olham para o umbigo em detrimento da “big picture”. Garantido é que deles não rezará a História. Mas existem agora outros sinais. Um dos maiores seguidores de Merkel já roeu a corda. O Primeiro Ministro Holandês demitiu-se por achar errática a política de austeridade imposta á Europa, pela Alemanha. Mário Monti o Primeiro Ministro Italiano defendeu também a emissão conjunta de Obrigações /títulos de dividas. Mario Monti é , como sabem , um tecnocrata , não um Político. Holland , prometeu o mesmo , e verdade seja dita brindou a Europa com uma nova dinâmica e Esperança. E entusiasmou os outros. Toda a gente já entendeu. Merkel não quer torcer o braço enquanto existirem eleições locais na Alemanha , prefere correu o risco da Hecatombe para a Europa e para a…. própria Alemanha. Inacreditável. Porque trágico. Mas, meus amigos, a apoteose do ridículo foi protagonizada por outro suposto estadista. Tenho que voltar a si, Sr. Primeiro Ministro. Com toda esta nova onda de Politicas que dão primazia o crescimento, e volte face de tantos , o senhor quis agradar ao chefe. Ou á chef(a) par ser mais rigoroso. Olhe, dou-lhe desde já um conselho : os bons chefes são os que gostam de ouvir uma opinião diferente para assim moldar e melhorarem a sua própria opinião, mesmo que legitimamente possam não a mudar. Os bons chefes não querem que tudo se resuma a um monólogo. Os bons chefes prescindem de quem não acrescenta valor. Os bons chefes esperam competência e soluções dos seus subordinados. Os bons chefes preferem o contraditório aos “yes men”. Tenho uma máxima que á muito defendo: quando duas pessoas numa organização pensam exactamente da mesma forma, uma delas sobra. A sua chefe, Sr. PM, não será seguramente um exemplo de chefia ou liderança , mas o Senhor é uma fraude como subordinado. Não é digno de representar os interesses do País que o elegeu. Esse País que o senhor representa seria dos mais beneficiados na emissão conjunta de obrigações Europeias. Mas o senhor subserviente ao chefe humilhou todos os Portugueses, ou pelo menos os seus interesses. O Senhor ao referir-se , que não concorda com a emissão dos Eurobonds ,ou que estes seriam apenas, um ponto de chegada, vergou-se vergonhosamente. O senhor como na sua vida trabalhou pouco anda deslumbrado com o poder. E como é hipócrita e quer agradar aos “grandes”, faz figuras tristes. Olhe que gerir não é cortar cegamente. Isso é fácil e não tem riscos. Dou-lhe outro exemplo. Provincianismo é auto intitular-se como assíduo da leitura, e até se invocar Jean-Paul Sartre como referencia. Depois descobre-se que não conhece a obra do Autor, ao referir que leu um livro que nem sequer existe, como fez questão de notar Pacheco Pereira. Não é vergonha não ler Jean-Paul Sartre. Vergonha é a mentira ao serviço da vaidade pessoal. Vergonha Pior ainda é quando vaidade pessoal esbarra na Pieguice. Pois,…É este o expoente máximo do Provincianismo. O Provincianismo e o Anacronismo são os maiores pecados da nossa história. A má noticia é que hoje temos um Primeiro Ministro que corporiza a variante mais patética do Provincianismo. Mudará para melhor a Europa, seguramente , e o Sr. Primeiro Ministro ? Um abraço a todos Joaquim