terça-feira, 1 de maio de 2012
Poderá a França de Hollande evitar o abismo?
A actual Alemanha, de hoje, tem uma visão redutora da Europa. Conheço relativamente bem a Alemanha, posso-vos dizer que, por razões profissionais, é o sitio do Planeta onde tenho mais amigos, excluindo naturalmente Portugal. Constato uma grande diversidade de opiniões, mas é real em muitos quadrantes da sociedade a ideia que é a Alemanha que paga a preguiça dos Países do Sul da Europa. É comum ouvir-se “ andamos nós a trabalhar para outros não produzirem e estarem tranquilos apanhar sol na Praia !”
Penso que todos entendemos a razão por que chegamos a esta crise global. Mas talvez nem todos entendam a razão por que a Europa ainda não inverteu o rumo.
Na ressaca a crise do sub prime e após injecção de liquidez no mercado da maior parte dos governos, equacionavam-se dois caminhos para a saída da crise. Um passava por estímulos á económica e incentivos na criação de emprego. A Lógica é que seria o crescimento económico que sustentaria o anterior agravamento da divida e do défice. Uma outra perspectiva é que o financiamento da economia se solidificaria com uma Política de austeridade. Ou seja, empobrecer os Países mais expostos aos mercados. Fazer um dowgrade no seu poder compra, desvalorizar os salários, para equilibrar a balança comercial: menos importações (pela quebra do poder de compra) e promover as exportações ( aquelas que assentem na mão de obra barata e não qualificada ! ) Esta é a forma de instituir o retrocesso Economico e a desvalorização social como formula suposta de estes Paises se voltarem a financiar nos mercados.
O Primeiro caminho foi seguido pelos Estados Unidos, o segundo pela Europa via MERKOSY. Pois bem, vamos agora aos RESULTADOS:
A Europa mergulha numa crise de divida. A austeridade teve um efeito perverso. Em vez de menos divida e menos défice, registou-se mais divida, mais défice, e mais contracção económica. Pior ainda, se o grande desígnio era “agradar” aos mercados este brindaram a emissão de títulos de divida com mais juros e menos procura. O segundo caminho, mencionado acima, foi protagonizado pelo Estados Unidos. Os resultados não suscitam duvidas: expansão económica, BOOM no sector automóvel, e criação de emprego. Vejam-se os ratios macroeconómicos do País, ou ainda o “Stock Exchange Market” – O Dow Jones está acima dos 13.000 pontos, ou seja, perto de atingir um Máximo histórico! É ou não é comum afirmarmos que são os mercados financeiros que antecipam sempre os ciclo económicos?
Angela Merkel personifica uma visão limitada, medíocre e redutora da Europa. Não está a altura de grandes estadistas como Helmot Kohl , só para referenciar alguém com a mesma conotação Política. Se Merkel governasse nos anos 70/80 não se teria efectivado a reunificação Alemã e muito menos o projecto Europeu. A sua preocupação são as eleições Locais e Regionais. Não tem um Modelo ou um projecto para a Europa, quando a mesma Europa mais o necessita. Fundamento a seguir a razão porque penso que Merkel nos está a guiar para o desastre. Mas gostaria primeiro de relevar as virtudes da Alemanha ( não da Alemanha via Merkel ). Seria tremendamente injusto não reconhecer que a Alemanha é efectivamente um caso emblemático de sucesso. Digo-o pela sua capacidade produtiva. Pelo desenvolvimento e Inovação. Pelo esplendor da sua capacidade organizativa. Pela primazia tecnológica. Tudo isto são chavões que têm uma tradução pragmática na competitividade e Excelência dos seus produtos. Aqui reside o extraordinário mérito da Alemanha. Mas deixo uma pergunta? É isto suficiente para a Alemanha ter sucesso absoluto nos mercados? Não é, e por uma razão muito simples : é preciso que esse mercado exista. De que serve alguém ser o melhor do mundo a fazer seja o que for, se depois não tiver a quem vender? Poderemos até defender que a Alemanha tem um grande mercado interno de 80 Milhões. Mas é isso suficiente para alimentar o “motor”? Não, não é. E também por uma razão muito simples: O sucesso económico da Alemanha está esmagadoramente indexado ás suas Exportações. Mas deixo-vos agora o dado mais significativo : mais de 60% das exportações da Alemanha são para a Zona Euro. Não para a União Europeia, mas para a Zona Euro. Daqui advém uma conclusão muito objectiva: O Euro, como moeda forte, defende inequivocamente os interesses da Alemanha. O Euro brinda á Alemanha o MERCADO que a Excelência dos seus produtos proporciona. Registe-se, numa altura que existe contracção Global da Economia as multinacionais Alemãs, batem recordes de vendas como a Siemens , Daimler , BMW , Bayer e esta semana a VW. Pois bem , facilmente se pode extrapolar que se não existisse a moeda Única , todos os restantes Países da zona Euro desvalorizariam progressivamente as suas moedas. O que tornava progressivamente mais caros os produtos provenientes da Alemanha. No limite , se se confirmar a saída de algum País da zona Euro estima-se uma desvalorização imediata de 60% da moeda local VS Euro . Quer dizer que os magníficos produtos da Alemanha ficariam 60% mais caros, logo inacessíveis. O impacto seria um “brutal fact”, para toda a União Europeia , mas principalmente…para a Alemanha. Ou a implosão da “locomotiva”.
Se a Alemanha é quem mais BENEFICIA com a moeda Única, é legitimo que exerça também as suas OBRIGAÇÔES. Uns meses atrás ouvia Merkel defender categoricamente que não queria uma União da divida. Eu penso exactamente ao contrario. Se existe um problema de Divida, terá que ser encontrada uma solução comum para a Divida. Na minha opinião a forma de blindar o efeito especulativo é pela via de emissão conjunta de obrigações ou títulos de divida. Os chamados EUROBONDS
Não vale a pena culpar os mercados. Eles agem onde podem maximizar o seu lucro. Permitam-me a analogia, todos nós colocamos o nosso dinheiro onde com segurança nos pagam mais juros, ou doutra forma quando vamos ao supermercado compramos os produtos com melhor relação preço qualidade ( independentemente da origem, dos colaboradores, ou das politicas empresariais, ou dos capitais que os finaciam) . O problema não são os mercados. O que carece são os Políticos e estadistas. Implementar austeridade é fácil, difícil é fazer reformas. Cortar é fácil, difícil é gerar riqueza. Um claro exemplo que mostra como errática é a política MERKOSY. A Espanha mudou de governo e a semana passada apresentou um package inédito e ambicioso de medidas de autoridade. Qual foi a reacção dos mercados ? Os juros bateram um novo record na emissão de divida. Ou seja, as medidas de Rajoy foram ridicularizadas para o efeito pretendido. Não tenhamos duvidas, este é o efeito irreversível que vai dizimar País a País, Economia a Economia. A Espanha não tem um problema de divida, mas foi e está a ser atacada. E porquê ? Respondo com uma absoluta banalidade : porque era o seguinte. E vai haver sempre um seguinte do seguinte.
« A Austeridade está a empurrar a Europa para o Suicídio » este é o veredicto do Nobel da Economia “Joseph Stiglitz” proferido esta semana. Mas não é preciso ir longe , estou de acordo com Marcelo Rebelo de Sousa que repetitivamente defende que o melhor que poderá acontecer á Europa é “ver-se livre destes dois : “Mercosy”
Isto poderá ser muito mais que uma tragédia grega. Reitero: é a hora dos políticos que estejam á altura de : Olof Palme; De Gaulle ; Helmot Kohl; Jack Delores, Churchill Mitterrand. É por isso também hora de correr com os situacionistas, os medíocres os hipócritas e os cobardes.
A Derrota de Sarkozy poderá ser a inflexão deste ciclo desastroso conotado com Angela Merkel . A dar-me razão veja-se o que aconteceu esta semana com o despertar de Merkel á provável derrota Sarkozy e mudança do seu discurso admitindo a injecção 200 Mil Milhões de Euros na economia, pela via do BEI, para estimular o crescimento e o emprego.
Sarkozy falhou, vai fica conhecido por ser apenas a muleta da política errática de Merkel. Este senhor não existe politicamente. É um mero Cataventos,…
Não sei se Francois Holland está a altura do tremendo desafio, provavelmente não. Mas vale pena tentar inverter o caminho para o suicídio que Stiglitz prognostica. E já agora que influencie “outros” que instituíram como única prioridade ser os bons alunos do desastre,….
Um abraço
Joaquim Marques
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