domingo, 4 de dezembro de 2011

O empobrecimento como Estratégia

Existem duas Estratégias de Desenvolvimento de um Pais. Essas duas Estratégias estão Indexadas em dois Modelos Económicos, também distintos.

Um desses dois Modelo, centra a competitividade da economia nos baixos salários. A lógica é que a baixa qualificação indexa numa base de negócio de mão de obra intensiva, logo “low cost” . Como este Modelo requer no produto final um baixo teor tecnológico, a riqueza exportada é também de teor baixo. Assim, o valor acrescentado no Produto Interno Bruto é também modesto. Mas aqui reside outro problema. Se este Modelo foi relativamente útil quando o patamar primava pela ausência de recursos qualificados e um Portugal de há 30 anos profundamente subdesenvolvido, agora o mesmo seria desastroso quando esse nível de qualificação nos posiciona noutro patamar. Mais ainda, na actual lógica do mercado global, mesmo que o nossa Estratégia retorcesse existiriam sempre outros a fazer com custo mais baixo : China , Norte África, Este Europeu , etc. Este é o Modelo que , agora, nos propõem. Uma aposta no “downgrade” da Qualificação e um “upgrade” no trabalho intensivo sem valor acrescentado. Trabalhar mais por menos dinheiro e menos direitos, para assim termos um País moderno, progressista, inovador e dinâmico !!!!!.. Não será esta a apoteose da cegueira?!….O resultado futuro será proporcionalmente Inverso, ou seja , um País seguramente mais pobre, retrógrada e desigual.

O Outro Modelo focaliza-se na cadeia de valor do Produto. Não são, aqui, lugares comuns a qualificação e Inovação. Não são valores vãos, a concepção, o design, e o desenvolvimento de marcas e produtos. Deixo-vos um exemplo de sucesso. O sector do calçado estava condenado á insolvência á seis anos atrás, porque o negocio era apenas sustentado pelos salários baixos e desqualificados. Hoje representa um notável contributo para o PIB e exportações, precisamente porque se inverteu a Estratégia. Promoveram-se marcas nacionais e com trabalho qualificado criaram-se novas apostas em segmentos de mercados. Investiu-se, não se desinvestiu. Incentivou-se, não se alienou a esperança. Não se baixaram os salários mas apostou-se nos salários qualificados com mais remunerações. Não se reduziram os dias de trabalho, apelou-se e promoveu-se o empreendedorismo. Criou-se valor.

No limite, deixo-vos outro elucidativo “case study” . Uma mala Louis Vuitton custa numa loja credenciada nos Chans Ellise €2.000. No “breakdown” do custo do Produto apenas €100 é representado pelas matérias primas e mão de obra que compõem os Materiais. Os restantes 95% da cadeia de valor da mala são: Promoção, Inovação, Marketing , Desenvolvimento, Design , Investimento, Prestigio logo lucro , … Pergunto : qual deve ser a estratégia para um País que tem um razoável nível de qualificação? apostar nos 5% da cadeira de valor , mesmo podendo ser esmagado por outros mercados , ou apostar nos outros 95% da cadeia de valor , estimulando o talento e a qualificação dos recursos ? Onde é que está o potencial de crescimento : Nos 5% ou nos 95% da cadeia de valor?!

Infelizmente esta não é a visão actual, e repugna-me quando um PM apela ao empobrecimento como Estratégia de Desenvolvimento. Ainda mais, como cereja no cimo do bolo, um Secretários Estado incentivar os jovens para Emigrar,… abaixo deste “statement”, nada.

Um abraço
Joaquim