sexta-feira, 25 de abril de 2014

O MITO da PRODUTIVIDADE


Recentemente Belmiro de Azevedo gerou polémica com a seguinte citação: “Os Salários só podem aumentar quando um trabalhador Português tiver a mesma Produtividade que um Alemão ou Inglês, e isto pura e simplesmente porque os Alemães, por hora, fazem quatro vezes mais que os Portugueses.” Ora, isto dito desta forma parece induzir numa realidade aparente, e sem contraditório para muitos. Mas, na minha opinião, nada mais falacioso. Considero esta tirada populista e demagógica. Mais ainda, de um provincianismo bacoco. Como sempre, procuro a seguir fundamentar a minha opinião.

Numa análise muito simples e redutora, começo por vos dizer que um empregado de caixa num supermercado na Alemanha não trabalha quatro vezes mais que um empregado numa função idêntica num supermercado Continente em Portugal. Será que um cabeleireiro na Alemanha corta o cabelo quatro vezes mais rápido que em Portugal? Será que um cozinheiro num restaurante é quatro vezes menos ineficiente que na Alemanha? Será que um professor “debita” quatro vezes mais matéria? A resposta parece óbvia. Pois bem, isto mostra o ridículo da citação. Conheço muito bem a realidade Alemã. O problema não está no desempenho dos trabalhadores. Muito menos no “esforço” despendido, que Belmiro parece sugerir. O Problema está na cadeia de valor em que a Economia assenta. Ou ainda na fixação dos centros de decisão.

Não vou aqui fazer de juiz em casa própria, da empresa onde trabalho. Mas facilmente encontro vários outros exemplos. A Auto Europa, perante as mesmas métricas de análise que as suas congéneres, é em Portugal que apresenta os melhores resultados. O índice de Produtividade dos seus empregados é “Benchmarking” à escala Europeia. É também amplamente reconhecido o alto nível de desempenho de um Emigrante numa qualquer empresa fora do País. O seu profissionalismo é normalmente reconhecido como exemplar. O problema está muito mais adjacente à organização do trabalho do que ao “esforço bruto” no seu desempenho. Ora, isto faz ricochete ao empreendedorismo da nossa elite empresarial. É débil a mentalidade na forma de criar riqueza. Isto indicia que o problema Produtividade está mais do lado de quem gere, organiza, educa e qualifica, do que de quem trabalha.

A PRODUTIVIDADE do trabalho de um País é expressa pelo PIB (Produto Interno Bruto) a dividir pelo número de pessoas empregadas, ou pelas horas de trabalho despendidas. O crescimento deste rácio está inerente às competências/qualificação da mão-de-obra, dos progressos tecnológicos, das novas formas de organização. São transversais, no sucesso da Produtividade, o conhecimento, a criatividade, a inovação e a formação. Produtividade não é somente maior quantidade de trabalho. É principalmente melhor qualidade do Produto ou serviços. Produtividade não é baixar salários, mas eliminar desperdícios sem valor acrescentado para o cliente. É motivar e não desmotivar as pessoas. É dar-lhes importância. É definir-lhes objectivos fazíveis para se auto-responsabilizarem. É motiva-las a participar no processo de melhoria contínua…. O que impressiona é o facto de o maior empresário Português não se ter referido a nenhum destes atributos. Que pobreza Franciscana! Talvez Belmiro sugira que todos nós devemos nos dedicar à agricultura. Fazer um retrocesso no País e voltar aos anos 60/70 onde quase todos trabalhavam no sector primário. Ora aí está um bom exemplo: todos eram desqualificados e trabalhavam muito e muitas horas. E com um esforço Físico assinalável. Mas qual o output? Qual era o rendimento? Pobreza, seguramente. Paradoxalmente este é um “status” irrevogável: mais trabalho árduo induz, quase sempre, em menos Produtividade. Existe uma lei do rendimento decrescente, quando colocamos muita gente a executar uma tarefa duma forma rudimentar. Os produtos agrícolas rentáveis não são os que empregam muita gente, mas sim os organizados em plataformas de grande escala e com alfaias ou equipamentos optimizados. Isso é que gera Produtividade. Eu repudio tudo o que se aproxima do cinzentismo do passado. Quando este País era uma anedota. Talvez este seja o País que agora muitos imploram. Porque tal como no passado tende a haver uma minoria de privilegiados do sistema. Essa minoria não requer talento, apenas “compadrio”. Não produz riqueza apenas consome os escassos recursos do País. Não acrescenta seja o que for, a não ser para os próprios. E ainda por cima se regozijam com o empobrecimento dos outros. Entendo o “saudosismo” de muitos. Não vejo isto ser rebatido pelas Elites ou fazedores de opinião. Esta é uma doença Grave.

“Bater” em quem trabalha parece fácil e está em voga. É um discurso politicamente correcto para um leque de empresários que foram vencidos pela vida. Estagnaram. Não aceitaram as oportunidades do progresso. Quiseram impor a seu modelo obsoleto. Uma mentalidade fechada, deplorável. Quiseram continuar a ser os mesmos “testa de ferro “ de sempre. Não acreditaram na formação, na qualificação ou na valorização da componente trabalho. Uma confrangedora inacção e incapacidade de mudança. Perderam. Foram derrotados. Mas à “bom Português” sacodem a água do capote. Nota 20 para a maledicência e incutir a culpa aos outros (Governo, Políticos, Sociedade, Estado, Trabalhadores, Cultura, pequenez geográfica do País, D. Afonso Henriques, Mouros, da seca, da chuva, dos barrocos,…). Mas nota negativa na autocritica, no empreendedorismo, na capacidade de gerir recursos, na Inovação, na antecipação da mudança…

Um exemplo paradigmático de paralisia total. Todas as semanas faço a A1. E regularmente paro numa estação de serviço. Ao observar o serviço de cafetaria fico perplexo com o que constato. Quando faço a viajem ao meio da semana, verifico que existem muito poucos clientes, e simultaneamente conto um total de 6 empregados que estão claramente subocupados. Quando passo á sexta-feira, pode acontecer ao fim da tarde ou ao princípio da noite. Ora, isso faz toda a diferença pois existem muitos mais clientes ao fim da tarde que no período na noite. O que é curioso é que o número de empregados (6) é o mesmo em ambas as situações! Existe um outro cenário, que é a véspera de um fim-de-semana prolongado. Existe literalmente uma invasão de pessoas nas estações de serviço. Mas sabem quantos empregados estão a atender nesta circunstancia limite? Os mesmos 6!!! Isto, meus amigos, é elucidativo. Pergunto, qual a produtividade destes empregados nestas situações? Fácil entender que é baixa quando não existem clientes, mas também baixa quando existem mais clientes, pois observei que muitas pessoas abandoaram as filas e desistiram, dado a o tempo de espera e a ineficiência do serviço. E abandonar significa insatisfação, insatisfação significa perda do cliente e de outros potenciais clientes. Imaginem agora extrapolar este exemplo para uma empresa exportadora. O não ajustamento do recurso mão-de-obra, gera um sobrecusto quando tem baixa de encomendas, e uma ruptura quando as Encomendas aumentam. Logo, também aqui o cliente acaba por “ir embora” (como na estação de serviço). Estes dois cenários são factores de não competitividade. Logo de baixa Produtividade.

Existe uma outra questão, para mim também fulcral. A acrescentar à medíocre organização de gestão do trabalho de muitas das empíricas empresas Nacionais, acresce o problema da Flexibilidade. Como defendo, a solução não passa pela redução dos salários, mas sim por uma aposta na cadeia de valor do produto e uma melhor mobilidade. Porque como descrevi nos exemplos acima, o excesso ou falta de trabalhadores é suicida para a competitividade de uma empresa. O problema não está no salário, mas há que admitir que não existem mecanismos legais (código trabalho) que ajudem as empresas a uma maior mobilidade. Mais ainda, quando a débil flexibilidade que existe é por si “cara/dispendiosa” ou não competitiva. Tenho uma “overall picture” da Europa, e concluo que é em Portugal que é mais caro (em termos relativos) o trabalho Extra ou por exemplo o Subsidio de Trabalho Nocturno. Portanto voltando ao ratio acima de Produtividade (PIB a dividir pelas horas trabalhadas), o mesmo também melhora se o denominador for menor. Quer isto dizer que devem ser eliminados todos os tempos não produtivos ou de pura subactividade. Não há volta dar, não pode existir emprego se não houver trabalho. Esta é uma máxima que deve ser defendida como princípio basilar na Economia e nos Negócios.

Voltando a Belmiro. Reconheço-lhe muitos méritos. Já o elogiei vezes sem conta, no passado. É meritória a obra na Sonae Indústria. Julgo ainda hoje ser líder mundial na produção de aglomerados de madeira. Produz e exporta riqueza. Não é este um bom exemplo de produtividade?! Seguramente. Ora, parece então que o problema é esta deriva catastrofista e populista que assolou o País. Não é valorizado o bom exemplo, o desempenho, ou a audácia de arriscar. O que é notícia é o disparate, ou a desgraça alheia, ou então o expor da pobreza. A ausência de massa crítica é confrangedora.

A Estratégia de empobrecimento, agora legitimada pelo governo, deve ser revertida. Não sair da dicotomia: Subir Impostos VS cortes é aniquilar a Economia. Estamos a discutir o quê?! Que se deve reduzir salários 5% ou 10%?! Que se devem cortar pensões ou funcionários públicos?! Isso pode ser doloroso mas é FÁCIL para quem decide. DIFICÍL é criar riqueza. Difícil é puxar pela Economia, não liquida-la. Difícil é ter Iniciativa e não inacção. Difícil é mudar / permutar e não estagnar. Difícil é estimular e não assustar. Difícil é ousar, não desculpar. Difícil é ser-se optimista e não profeta da desgraça. Difícil é ser-se progressista e não Velho do Restelo. Difícil é ter-se ideias e não ser um pau mandado. Difícil é optimizar os recursos e não desmantela-los. Difícil é qualificar os Recursos Humano e não promover a emigração. Já aqui abordei o sucesso no sector do calçado. Há meia dúzia de anos foi feito um esforço significativo para modernizar este segmento de mercado. Qualificar e não desqualificar. Investir e não desinvestir. Progredir e não retroceder. Aumentar a cadeia de valor do produto e não assentar a capacidade produtiva em salários baixos. Acrescentar valor pela criação de “Marca”, Design, Marketing, Promoção, Imagem, I&D,…

Reitero: está na moda atacar e desvalorizar a o factor trabalho. Ao bater-se na “força de trabalho” esconde-se uma latente mediocridade de empreendedorismo. Definitivamente não me revejo na actual Estratégia de retrocesso na desqualificação dos recursos. Quando esta mesma estratégia e ambição são representativas de alguns (repito, alguns) empresários (como Belmiro) é deveras preocupante. Este é um equívoco que vai deixar uma herança pesada. A apologia da pobreza deve ser severamente castigada. Hoje.

Um abraço

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Qual o Líder Carismático que a “direita” sempre sonhou ter ?


Numa recente entrevista ao semanário Expresso, José Sócrates surpreendeu com a seguinte citação « Eu sou o Líder forte que a direita sempre sonhou ter» Muitos ficaram perplexos , outros respiraram fundo , outros tiveram que voltar a ler ,.. Eu não tive dúvidas. Esta é uma verdade incontornável. Goste-se ( alguns ) ou não goste ( muitos), Sócrates é uma figura carismática .Porque tem uma personalidade forte. Porque é amado e odiada simultaneamente. Porque tem ideias e um projecto. Porque tem uma visão política relevante. Ora quando assim é, o escrutínio feito é pleno. Diria que Sócrates é singular. Podem multiplicar ainda mais os fazedores de opinião, ou programas de analise política com politólogos, mas será a opinião de Sócrates (ou uma simples entrevista) que será tema de debate obrigatório. Isto é magnetismo puro. Para que não restem dúvidas: se concordo que Sócrates é o Líder que a direita sempre quis ter , António José Seguro é o Líder que a direita sempre quis ter…mas na Oposição. Pois,...

Grosso modo a cultura política que nos domina sugere que :É melhor ser-se amado que ser-se temido Eu sugiro “Maquiavel” : é melhor ser-se temido pelos adversários do que amado. Isto explica-se facilmente. Não reza a História de nenhum Líder carismático que não fosse odiado pelos seus adversários, à altura. Não ficou na história nenhum Líder que não criasse rupturas com o existente “status quo”. Os outros, uma imensidão de muitos, não são incomodados pelos adversários. São até ignorados. Ora isso é factual. Os Líderes medíocres servem apenas um interesse : o próprio, ou o corporativo, e até o dos próprios adversários. Paradoxal ? Não de todo .

A “direita” (não comungo/gosto desta conotação ideológica) rouba para a si a ideia de autoritarismo, disciplina e capacidade de liderança. Reconheço que existe aqui alguma legitimidade. Mas existe um problema. De que servem esses atributos se não forem consubstanciados por um Líder Carismático? Quando pergunto a muitos dos meus amigos qual o Líder carismático do Centro direita, respondem-me citando Sá Carneiro (ou o primeiro mandato de Cavaco). Ora, este recuo, no tempo é muito relevante. É como pensarmos que existe um projecto, uma convicção, mas uma não Liderança que o possa corporizar. É aqui que Sócrates entra como o suposto Líder forte que a direita não tem, mas que gostava de ter. Muitos continuarão a não concordar. Entendo , mas não têm razão. Fundamento, a seguir , porquê

De aqui faço a minha transposição para um paralelismo bem presente.
Muitos dos meus amigos fanáticos do meu Clube ( SLB) odeiam Pinto da Costa.
Pois eu não, meu amigos. Sei que muitos não me vão perdoar pelo que vou dizer . Quero que Pinto da Costa e o seu Clube percam nas competições caseiras ( o que é normal), mas não entro no resto do “choradinho” . Pelo contrário reconheço o trabalho meritório de Pinto da Costa na criação duma marca de excelência ( FCP). É facilmente identificada, por esse mundo fora. É reconhecida a boa Gestão de recursos. Mas principalmente por uma Liderança competente. Os resultados são claros. Sucesso desportivo ,com um orçamento mediano. As estatísticas dizem-nos que é o clube Europeu com melhor “superavit” na relação compra /venda de jogadores. Se Pinto da Costa não fosse bom no que faz não gerava tanto ódio .Se não tivesse carisma não era idolatrado pelos seus e repudiado pelos adversários mais fanáticos. Mas sabem o que é curioso ? É ouvirmos de Benfiquistas e Sportinguista a diabólica sentença : « O que nós precisávamos era de um Pinto da Costa , como Presidente!» Isto não pode ser mais elucidativo. As semelhanças com o “statement” de José Sócrates, são brutais.


O ataque permanente a Sócrates é delinquente. É deplorável. E é uma farsa os que insistentemente, nas redes sociais, escrevem futilidades em relação a Sócrates. Noutra analogia , faz-me lembrar o ataque cerrado a Obama pelo “Tea Party” (a corrente mais radical do Partido Republicano) Tal como nos Estados Unidos, também cá lamento a figura patética com que alguns dos meus amigos continuam a escrever e a delirar em relação a Sócrates Reconheço que já me começa a dar alguma indiferença, o facto de alguns não aguentarem tanto ódio. Pelo contrário, começa a dar pena o seu sofrimento !. É como as claques dos clubes, sofrem quando são derrotadas, ou quando os outros são sistematicamente melhores.

.. Esta semana um amigo meu dizia-me que um dos problemas da herança de Sócrates são os juros elevados para financiar a sua actividade empresarial Tem razão. Principalmente quando se verifica a baixa da taxa de referência do Banco Central Europeu ( mínimo histórico) , mas que adicionado o “spread” dos bancos o custo do capital chega mais caro que nunca ao empresário / Investidor. Ora esta é uma verdade difícil de entender. Mas “linkar” esta dificuldade a Sócrates parece-me um absurdo, como tive oportunidade de lhe replicar. O que mais me choca é a falta de inteligência ( ou conveniência) em muitos não entenderem o antes de depois da crise de 2008 .Penso mesmo que é estratégico para se desculparem, o facto de não querem entender. Pois bem , eu vou voltar a lembrar. Antes da crise do “subprime” e posterior crise da dívida , o governo anterior atingiu o défice mais baixo da democracia Portuguesa (2,8%) Mais significativo ainda , porque foi conseguido sem receitas extraordinárias. Pela primeira vez se registou um saldo positivo na balança comercial (excluindo o défice energético- daí a aposta estratégica nas alternativas) . Mas nem tudo se esgotava na performance financeira. Ora , existia à altura um projecto para o País. Uma ideia. Um plano. Um caminho. Uma Estratégia. Era o plano tecnológico, Eram as energias renováveis, era o simplex , era uma aposta inequívoca na educação. Eram lições de pragmatismo como o ensino do Inglês. Era a “revolução” dos computadores “Magalhães”. Era a aposta na modernização de sectores tradicionais como o calçado (explicarei a seguir em detalhe) . Noutra vertente , era o ousar pôr em causa os interesses corporativistas em detrimento do interesse geral ( Magistrados, Médicos, Políticos -limitação de mandatos, ..). Era o ataque a sectores protegidos que não obedeciam a uma lógica de mercado ( Farmacêuticos). Obviamente tudo isto desagradou. Obviamente tudo isto criou ódio. Principalmente ao sistema instituído. Principalmente aos que sempre se refugiaram numa zona de conforto ( do “papá” ou do interesse corporativista que os blindava). Repito , antes da crise de 2008 as métricas macro da economia nacional estavam com tendência positiva , e simultaneamente respirava-se um projecto para o País. A seguir veio a crise. Dizimou tudo e todos. Pior seria se essa previa tendência não tivesse sido positiva. Cometeu Sócrates erros no pós crise ? Sim muitos . Por exemplo : aumentou de 2,9% dos funcionários públicos , baixou 1% o IVA, substituiu bons Ministros ( Maria de Lurdes Rodrigues , Correia de Campos) por Ministros medíocres ( Isabel Alçada, Ana Jorge ), aceitou liderar um governo com minoria parlamentar ( o único da União Europeia, à altura). Mas o problema capital que acelerou a crise da dívida e o “bail out” á economia Portuguesa foi a queda do governa e não aprovação do PEC IV . Pintem este quadro da maneira que quiserem , o tempo irá repor a verdade dos mais cépticos. A Troika é uma consequência da crise política. Portugal teria resistido como a Espanha e Itália, onde o Governo não caiu. Voltando à frustração do meu amigo em relação aos elevados juros para financiar o seu negócio, volto-lhe a dizer que tem razão na substância , mas não, na causa efeito que os induziu. A estratégia de Sócrates era progressista, de modernizar o País , de diminuir o peso do estado no sector empresarial ( não social) , de tornar o País competitivo e atractivo ao investimento. Aposta clara no empreendedorismo, Com isto, meu amigo Pedro , as taxas de juro baixariam e não entrariam em escalada.

Os Líderes fracos fazem o contrário do que vos descrevi antes da crise , ou seja, desculpam-se de não fazer , logo quase não geram contraditório. São cobardes e seguem o politicamente correcto. Jamais gerarão entusiasmos ou confiança. Jamais ficarão na história

Apenas um exemplo numa imensidão de tantos outros que vos descrevi genericamente, e que começam agora a vir ao de cima, como azeite. A OCDE revelou esta semana o extraordinário progresso na Educação, ultrapassando mesmo a Suécia em alguns ratios. Quem foi o mentor desta estratégia ? Seguramente o PM da altura , mas também a melhor Ministra da Educação da Democracia Portuguesa ( Maria de Lurdes Rodrigues). Muitos ainda não concordam. Certo. Mas garanto que , com o tempo, serão cada vez mais a concordar. Não foram os sorrisos de Isabel Alçada ( no mesmo governo) que incutiu qualquer reforma ou progresso. Muito menos o desastre “Crato” que sempre me incumbi de anunciar. (Li esta semana que agora o Modelo de Crato é o sueco, quando o mesmo entrou em descalabro. Realmente este Ministro tinha jeito para a maledicência, mas quando chamado a fazer ,… é de fugir) Mas lembram-se do “coro” de críticas a Maria de Lurdes Rodrigues ? Repito , o azeito vem sempre ao de cima, não se deixa misturar .E dá sempre bons resultados.

Não resisto, ainda, em vos voltar a falar do sucesso do sector do Calçado. É outro notável exemplo de aposta bem sucedida na criação de riqueza. Repito , criar riqueza , não é fazer cortes ( isso é fácil ). Voltou a ser premiado, desta vez em concorrência com o champanhe Francês. Isto mostra que Liderança é ser ousado e não fatalista É estimular e não empobrecer. Ora de aqui surge outa lição : não há sectores obsoletos na Industria Portuguesa. Uns modernizam e vencem , outros desvalorizam, desqualificam e morrem. Estou a diferenciar muitos empresários , mas estou principalmente a separar as águas em relação aos governantes. Hoje existe uma mensagem absorvente para liquidar a Economia. Antes havia incentivos ao empreendedorismo . Veja-se , na Indústria do calçado foi criado um centro tecnológico pela via do PEDIP. Apostou-se na cadeia de valor do produto , como o estudo da agronomia do pé , de novos matérias de maior qualidade. Aposta no jato de água para cortar peles, aposta na distribuição e Marketing em mercados de elevado poder de compra . Não , este não é o Modelo de mão de obra barata , ou desvalorização social que nos querem agora incutir. Apostar em salários baixos e desqualificados, é uma estratégia suicida. Até porque numa economia cada mais global , vai haver sempre alguém a produzir a custo mais baixo. O Modelo definido e apoiado pelo governo anterior para o sector do Calçado é um exemplo paradigmático a seguir. Tudo isto para vos dizer que na minha opinião é fundamental ter um Projecto para o País ,mas não é menos relevante ter um Líder que o execute

Dêem as voltas que derem, mas a “direita” há muito que não tem um Líder carismático. Antes da crise de 2008 , era comum citar-se que o a “direita “ precisava era de um Sócrates. Tal como os Benfiquistas e Sportinguistas pensam no seu intimo que o que eles precisam é um Pinto da Costa. Tudo isto é “Leadership” . Pode-se treinar , não se compra, não se transfere , não se aliena , não se decreta. É fundamentalmente inato ao ser humano. Quando um Líder é forte , é naturalmente odiado pelos inimigos mais fundamentalistas. Mas mais tarde ou mais cedo é lhe reconhecido o devido valor. O conservador “Winston Churchill” ganhou a guerra e perdeu as eleições a seguir. Mas o tempo julgou-o , a posteriori, como um dos mais brilhantes estadistas da história .E curioso é o facto único de ter voltado a ser eleito uns anos mais tarde !

Governar é cada vez mais desagradar. Decidir é cada vez mais complexo e difícil. Os Líderes fracos não decidem, são populares no momento. Mas entram aceleradamente em esquecimento. Defendo-o de há muito tempo: o problema mais grave do nosso País é a suposta massa crítica assentar em elites fracas e falhadas. O ataque permanente e maledicente a Sócrates é boçal e primário. Por isso e definitivamente, prefiro os Líderes que são odiados pelos adversários mais fanáticos. Adversários ignóbeis .

Um abraço

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Paulo Macedo e Antonio Costa

Não observo a Política como a maioria segue um clube de Futebol.
Em Política não torço pelos políticos que simpatizo, como inevitavelmente o faço pelo meu clube. O futebol mexe com emoções. É irracional. A política traduz pragmatismo e capacidade (ou não) na resolução de problemas. O idealismo em Política não resolve, hoje, nenhum desses problemas. Idealismo soa-me a “romantismo”. A fractura ideológica desmoronou-se com a queda do muro de Berlin. E ainda bem, reitero aqui. O comunismo falhou ideologicamente. E falhou porque assentava num Modelo teórico e empírico, que não respeitava as liberdades individuais. Mas é na Social Democracia (variante do Socialismo Democrático) que encontramos o melhor standard de vida do planeta. Facilmente se percebe que o mesmo é efectivo nos Países nórdicos. Olof Palm é na minha opinião o expoente máximo e fundador desse Modelo Social e Economico.
Ora, não me chocou o governo de Pedro Passos Coelho se ter apresentado ao eleitorado como um governo com ímpeto Liberal.(mas não Ultra Liberal ). Ou seja, promover a competitividade, criar riqueza, reduzindo o peso do estado ( na sua vertente empresarial ) e se possível reduzir impostos. Aposta no empreendedorismo para gerar riqueza. Mais Iniciativa privada, traduziria mais receita fiscal e assim permitiria mais bem estar e maior preocupação social. Foi este o “segredo” do sucesso dos Países Nórdicos : primazia pela competitividade da economia , para assim promover o investimento publico na saúde e na escola publica. Um Modelo progressista, porque promove a igualdade de oportunidades e o talento. O resultado é inequivocamente um patamar ultimo de bem estar social.

Pois bem, passados dois anos deste governo, e sem entrar num lugar comum, parece que tudo foi feito ao contrario. Impostos em vez de competitividade. Empobrecimento em vez de crescimento e geração de riqueza. Mais Divida. Impostos, é a principal marca deste governo. Curioso, pois o resolver problemas com Impostos, traduz na minha opinião o pior da ortodoxia socialista/comunista. O falhanço é total. Agora também inquestionável, pois foi confirmado formalmente pela demissão do ministro Gaspar. O principal executor desta política , foi o mesmo que admitiu o seu fracasso. E porque Gaspar não é um Político, elogie-se a sua lucidez com que admitiu o falhanço. Quem ousa agora dizer que esta política estava certa ? provavelmente os míopes . Sim , só e apenas aqueles que olham para a Política como o fazem em relação ao seu Clube de Futebol.
Não existe nada mais popular do que fazer um discurso contra os Políticos. Todos aprovam, ninguém contesta. Nunca gera contraditório. Ora, esse é um problema. A Pura maledicência não incute pensamento critico. Ao contrario , faz um nivelamento por baixo. Porque “bater” nos políticos desculpa tudo o resto. A verdade é que quase toda a gente se auto julga melhor do que efectivamente é .Como é que muitos justificariam as suas frustrações profissionais se não existissem políticos para se desculparem? Como explicariam os insucessos pessoais? Deixo-vos uma reflexão e uma pergunta : Quantas casos conhecem de pessoas a fazerem auto critica , ao reconhecer erros , para assim melhorarem a sua performance? Não, o caminho fácil, é dizer que a culpa é dos outros. Ou seja, quase sempre dos Políticos.
Pois ,vou aqui , “falar bem” de dois políticos. É a divulgação dos bons exemplos que traduz valor acrescentado num País debilitado na sua massa critica. Consigo no actual contexto desvendar aquela que julgo ser uma solução para o País. Sou dos que não acreditam no “Sebastianismo” . Mesmo assim olho para os políticos actuais, e julgo conseguir desvendar uma solução para o País. A primeira passa , paradoxalmente , por uma personagem deste actual governo : Paulo Macedo. A segunda, é complementar e não antagónica. Refiro-me a Antonio Costa. Não deslumbro miguem melhor no actual contexto, e explico a seguir porquê.

Perante um Governo que não cumpre um só objectivo, que é inerte em mudar o rumo , e que sendo incapaz de mobilizar as pessoas e a Economia , defendo uma solução análoga á instituída em Itália pela via de Mário Monte. Ou seja, nomear um tecnocrata para gerir o país num período transitório até ás próximas eleições legislativas. Paulo Macedo é na minha opinião o único com competência capaz de executar um programa com estas características. Seria interessante ver uma reforma efectiva da administração publica, e o seu empenho na renegociação do memorando. Paulo Macedo é um reformador. Num governo de nível de competência baixo , Paulo Macedo brilha com nota elevada. É quase ridículo compara-lo com os seus actuais parceiros do Governo, como por exemplo com o desastre de Crato na pasta da educação. Diria sem exagero, Paulo Macedo, é o melhor Ministro de sempre da Democracia Portuguesa. E englobo aqui todas as pastas. Paulo Macedo é um Político “low profile” , mas amplamente eficaz . Não gere em função da “espuma” dos acontecimentos. É objectivo e Pragmático . É um reformador. Apresenta obra com recursos escassos. Logo Resultados e não desculpas. É difícil a pasta da Saúde , numa altura de constrangimentos financeiros. Mas Paulo Macedo tem apresentado uma Performance assinável. Boa gestão de recursos , com o focos na eliminação de desperdícios. É o único ministro que incutiu a necessidade de fazer mais com menos recursos. Repito, fazer mais com menos recursos. São diversos os exemplos bem sucedidos , e que não são assinalados pela comunicação social . Antes de ser Ministro fez um notável trabalho no combate á evasão fiscal. Como Ministro negociou com os médicos, e ganhou o utente. Existe agora uma melhor cobertura de médicos de família. O tempo médio de uma cirurgia caiu para 3 meses, com Paulo Macedo. Esta é uma história de sucesso e invulgar. Porque, em circunstâncias tremendamente difíceis e com um programa de assistência financeira, não se desmantelou o serviço publico , mas sim melhorou-se. Relembro uma realidade não muito distante : duas décadas atrás era assustador entrar num hospital publico. Os que podiam procuram os privados. Hoje é o Sistema Nacional de Saúde que apresenta as melhores valências. E todos procuram esse serviço, em primeira mão. Este é um extraordinário exemplo a seguir. Porque desmistifica o erro de se pensar que o que é publico não serve, ou que os problemas se resolvem deitando dinheiro para cima dos mesmos. Não, os problemas resolvem-se com competência.

Falo agora de Antonio Costa. A democracia e os políticos estão longe de ser um modelo perfeito. Mas toda a gente percebe que não existe um melhor modelo alternativo. Por isso, a tecnocracia que acima menciono, funciona como uma fase de transição. Não mais que isso. Ora, temos que voltar invariavelmente á Política. Para Governar Portugal, não descortino melhor opção que Antonio Costa como Primeiro Ministro. Não deslumbro ninguém mais competente. Ninguém mais capaz para tomar conta do difícil desígnio que é governar o País. Porquê Antonio Costa é um político experiente. Um negociador. Tem obra feita. É credível. É convicto e determinado. Tenho amigos de todos os quadrantes Políticos, e sem excepção todos reconhecem Antonio Costa, como preparado e competente para Governar. Alguns desses meus amigos também referenciam Rui Rio, como capaz. Talvez, tendo também a concordar, mas elejo Antonio Costa ´como o melhor. É também comum dizer-se que foi o melhor Ministro da Justiça em Democracia. Como Autarca a sua obra é de relevo. Todos os que moramos Lisboa notam um dinamismo apreciável . Lisboa está na moda . Está hoje inundada de turistas. A oferta é de qualidade. A requalificação da cidade é notória (veja-se o que está a acontecer na Ribeira das Naus) . E muito importante, equilibrou as finanças Municipais. Conheço fornecedores que antes da eleição de Costa , estavam desesperados com o incumprimento dos prazos de pagamento da Câmara. Hoje pelo menos “respiram” na questão do fundo de maneio.
De Antonio Costa não ouvimos criticas fáceis ou fúteis. Antonio Costa é brilhante no seu pensamento político. Porque fundamenta, mesmo quando critica. Porque quando critica aponta um caminho alternativo. Porque é credível e não Demagógico. Porque define um pensamento estruturado, logo consistente. Porque é um excelente negociador, evitando a paralisia de um projecto. Porque é um progressista e não retrógrada. Porque é pragmático, logo com obra exequível. Porque é eficaz, logo com Resultados . Porque é consequente. Porque é competente.
Desejo que tenha uma vitória contundente nesta eleição Autárquica. Todos percebemos a importância de Lisboa, mas esta parece já “curta” para o talento de Costa. Se os melhores devem chegar ao topo, então, Antonio Costa governará em breve. Ao contrário do futebol que haverá sempre vencidos e vencedores, em Política todos podem ganhar ( excepto as “claques” partidárias). Paulo Macedo e Antonio Costa é a formula que sugiro. Diferentes , mas complementares. Diferentes, mas ambos preparados. Diferentes, mas ambos elevadamente competentes.

Um abraço a todos
Joaquim


sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Angela Merkel, o “G.W. BUSH” da Europa


Tenho-o referido insistentemente: a Europa não é a principal culpada desta crise global, mas é amplamente negligente pela não saída da mesma. A Europa foi contaminada por esta crise, mas é agora a Europa que contamina. Pela via profissional, participo regularmente em conferências globais, mas também a outros títulos, em fóruns de opinião. A lógica e as conclusões são uma constante ou repetitivas. É uma humilhação para a Europa, quando se revê o “Outlook” da actividade económica. Sem excepção, em todas as outras regiões do Planeta se aborda a necessidade de recursos para fazer face à expansão económica. Quando chega a vez da Europa, o tema único é a redução da actividade económica, logo o nível de Restruturação necessário para fazer face à quebra de encomendas. Nas outras regiões, fala-se em novas unidades industriais, na Europa fala-se em fechar fábricas. Nas outras Regiões, prospera o emprego, na Europa aumenta-se o desemprego. E, perante isto, qual é a receita dos Políticos? Nas outras regiões estimula-se a economia, na Europa perante a recessão injecta-se austeridade em vez de Incentivos ao crescimento. Em tempos de crise, o Estado deve inflectir o ciclo e não agravá-lo. Deve ser o contra-ciclo e não o incendiário. Não sou fundamentalista. Defendo pontualmente a austeridade do estado em prol de mais competitividade das empresas. Jamais defenderei austeridade nas actuais circunstâncias. Pela dose, ou porque o produto interno bruto está numa escalada de recuo.
Os meus colegas das outras regiões perguntam-me repetidamente: quando é que aí na Europa resolvem o problema?! Consigo até fundamentar pela lógica da Economia. Mas a questão é política. Sim, mas eu diria, também, cultural (explico a seguir porquê). A forma como a Europa é hoje humilhada, é análoga à forma como o resto do planeta ridicularizava os Estados Unidos de George W. Bush. Lembram-se? Pois apetece-me sentenciar que “Angela Merkel é hoje o G.W. BUSH da Europa”.
A questão fulcral é Política, mas também cultural. E porquê? Respondo duma forma simples e banal: Porque a Alemanha de Merkel quer agradar aos Alemães. A estes e só a estes na sua plenitude. A Europa é um mal menor, ou redutora, na sua concepção. Esta visão é errática. A Alemanha beneficia desta Política, numa perspectiva de curto prazo, é certo. Mas não a médio prazo. O mercado da zona Euro é o valor acrescentado para a sua alta tecnologia e capacidade produtiva. A Alemanha exporta principalmente para a União Europeia. Logo é a principal interessada em liderar uma ampla economia com moeda única e forte. Na Zona Euro, os produtos alemães são altamente competitivos, pela sua Inovação, mas também porque os outros Países perderam um instrumento financeiro: a desvalorização cambial. A competitividade das exportações é protegida pelo Moeda (Euro). Esta é a fórmula perfeita: Estabilidade cambial, Acessibilidade, Mercado amplo, Custo baixo, Inflação controlada, Taxas de juro baixas. Isto parece ideal, mas tem um problema: acrescenta dívida a quem não produz, mas que compra à Alemanha. A dívida tende a aumentar e não a baixar. Se a tudo isto, adicionarmos a Austeridade, imposta por Merkel, temos um efeito explosivo. A corda tende a rebentar. E acabará por rebentar no coração dos Alemães, ou seja, na sua Economia. Por exemplo, imaginem se começa a implosão das economias dos Países periféricos, e mais tarde do centro da Europa? Pois, se isso acontecer nos outros Países (“menores” para a Alemanha) é a própria Alemanha que vai pagar a factura mais elevada. Deixo uma interrogação elucidativa: Que vai fazer a Alemanha aos seus magníficos produtos e serviços, se perder o mercado? Qual vai ser o ratio de desemprego, na Alemanha, se potencialmente perder os clientes que lhe auferem 50% do que produz?
Ora , esta é a questão diferenciadora. Obviamente, não sou estúpido ao pensar que são estúpidos os concelheiros e Economistas de Merkel. Tenho a certeza que este cenário é ponderado, e que avaliam o risco que induzem com esta política. Estou por isso convencido que no pós-eleições (lá está a cobardia!) vão finalmente tomar as Iniciativas adequadas. Não têm coragem de o fazer antes pela questão cultural que referenciei. Os Alemães olham para a Europa com um “fardo” que eles têm que financiar, que têm que pagar. Isto ouve-se nas ruas: «estamos nós aqui a trabalhar e pagar impostos, para pagar as dívidas dos preguiçosos dos Países do sul da Europa, qua passam o tempo na praia a apanhar sol!».
Este é o paradoxo difícil de inflectir na mente dum Germânico. Difícil explicar que a Alemanha ganha mais do que perde com a União Europeia. Mais, em tempos de crise só acrescenta, nada diminui ou perde. Pois esta é uma ideia perversa. Ultraconservadora e retrógrada. A Alemanha é quem mais ganha com uma Europa forte. Não existe uma Europa forte sem a Alemanha, e jamais existirá uma Alemanha forte sem a Europa. Por isso, a Alemanha em vez de nos dar a receita da austeridade, deve-nos promover mais trabalho, mais incentivos para acrescentarmos mais, na cadeia de valor dos produtos. Gerar mais riqueza, não recessão. Mais trabalho, não menos trabalho. Esta dose de austeridade subverte essa lógica, pois nas actuais circunstâncias, induz mais desemprego, menos actividade económica. Afinal, está a promover mais “praia e sol” em vez de crescimento, e mais trabalho, repito. Ora, esta tendência leva ao empobrecimento, e no final à não compra dos magníficos produtos Germânicos. Está ou não está esta lógica subvertida?! Sim, está, mas não no orgulho dos Alemães. Esta metamorfose é inimputável, na concepção que eles têm dos demais. Eles não se importam com o futuro e as potencialidades da construção Europeia. Eles preocupam-se em castigar os preguiçosos dos Países do Sul. A punição destes é a sua vitória. O empobrecimento destes é a sua glória. A humilhação destes é a apoteose do seu orgulho. Sei do que falo, meus amigos, pois trabalho todos os dias com eles. Da minha parte reconheço-lhes mais virtudes que defeitos, é certo, mas é esta mentalidade que ganha hegemonia, e que pode culminar no pecado mortal.
Ora, é aqui que entra Angela Merkel. Como líder é fraca. Como estadista uma futilidade. Não tem um plano para a Alemanha, muito menos para a Europa. Governa ao sabor do vento. Esse sabor é partilhado em pleno pelo “tal” orgulho germânico. A visão que tem da Europa é redutora. E curta, porque é de curto prazo. A única métrica que a preocupa são as sondagens locais. Mostra mais interesse com umas quaisquer eleições regionais que com o supremo interesse Europeu.
São assim todos os Alemães? Não, longe disso massificar os maus exemplos. Isso é sempre um erro. Não é preciso recuar muito na história, para termos o contraditório. Basta lembrar o Chanceler Helmut Kohl. Foi, na altura, confrontado com uma envolvente conjuntural em tudo idêntica à actual. Foi o mentor e executor da reconciliação com a Alemanha de Leste. E, meus amigos, o tal sentimento de orgulho supremo era em tudo idêntico. A forma como desprezavam os vizinhos de Leste era a mesma com que hoje desprezam a Grécia, Portugal, Espanha, Irlanda... O julgamento popular era em tudo semelhante, na altura. Os Alemães de Leste era significativamente mais pobres, tinham fraquíssimos níveis de produtividade, e a economia era obsoleta. Ora isto comparado com o bem-estar da República Federal da Alemanha era uma afronta. Mais ainda quando a única ideia que era “vendida” no Ocidente, como propaganda, era o facto que iriam pagar mais impostos com a integração. Vejam como estas semelhanças são brutalmente idênticas às actuais.

Só que nesta altura emergiu um grande estadista que ficará para a História. Helmut Kohl ousou desafiar essa mentalidade, e por isso VENCEU. Hoje a Integração da Alemanha de Leste é um projecto conseguido e com elevado sucesso. Agradecem os que estavam do outro lado do muro de Berlim, pois a sua qualidade vida melhorou. Agradecem todos os Alemães, pois com a integração, tonaram-se a indiscutível melhor e maior economia da Europa. A prosperidade é inquestionável. Esta é uma lição factual. Não existe, em Economia, uma aritmética de resto zero. Não existe porque quando um ganha os outros também ganham. Quando um perde, os outros colapsam. Ganham todos quando quem lidera, olha para a “big picture” e não para o umbigo. São hipócritas os que querem dizer ao seus eleitores que o mal de uns é o bem dos outros. Foi esta a fórmula que Merkel encontrou para reinar e ganhar as eleições.
Não conoto politicamente o desastre anunciado de Merkel com qualquer cor política, até porque o grande estadista que referenciei, Helmut Kohl, é da mesma família política de Merkel (centro-direita). O que comparo é Estadistas com Políticos menores. Kohl deixou prosperidade, coesão, progresso, inclusão, crescimento, bem-estar, e o grande projecto Europeu. Merkel vai-nos deixar o desastre anunciado com a sua marca: empobrecimento, divisão, dívida, desintegração, suicídio (não é uma palavra vã), falências, desemprego, retrocesso…
As eleições deste mês vão dar uma vitória a Merkel, pelas razões que acima descrevi. A vitória pode ter 3 cenários: Maioria absoluta dos Democrata Cristãos de Merkel - CDU (Espero que não!), maioria com os Liberais (FDP) como no corrente mandato; ou maioria com os sociais democratas/socialistas –SPD (Solução menos má). A certeza é que infelizmente Merkel vai ganhar e a maioria dos Alemães vai ficar radiante.
 
Merkel não é uma estadista, é uma marioneta do pior do orgulho germânico. Não vai ficar na história, definitivamente. Ou se ficar, será pela herança pesada que deixou na Europa. Pelo retrocesso no projecto mais bem-sucedido da história da Humanidade: a construção Europeia. O continente onde, apesar de tudo, todos querem viver. O mundo ridicularizou os Estados Unidos de G.W. Bush, hoje a Europa é humilhada por Angela Merkel. Talvez por razões diferentes. Mas há uma razão comum: ambos não têm talento nem capacidade para governar. Pior, são cobardes, a troco de um qualquer fetiche, alienam a dignidade. A deles e a de quem representam. Repudiante.

Um abraço a todos
Joaquim

 

 

 

 

domingo, 7 de julho de 2013

Praça Taksim , e os “garotos” irrevogáveis .

        Esta semana voltei a estar fora do País, e ainda bem. Fiquei blindado ao espectáculo deprimente e deplorável. Em Istanbul, por razões de segurança, foi–me aconselhado a  mudar o Hotel que me foi reservado na proximidade da a Praça Taksim . Assim foi, e a semana  foi tranquila por essa via.  Os mercados também registavam boas noticias , como mais uma intervenção notável de Draghi , nos estímulos convincentes á economia. Draghi é na minha opinião o único “gigante” no contexto político e executivo Europeu. Do outro lado do Atlântico as noticias eram também boas : dados sólidos no crescimento e na criação de emprego. Tudo corria bem. No entanto foi subitamente surpreendido pelos meus colegas questionando-me sobre o que se estava a passava em Portugal !? isto porque as bolsas estavam em colapso. Imediatamente percebi o que se passava. Paulo Portas tinha-se demitido. Penso compreenderem a dificuldade que tive em me explicar. Afinal o menino teve uma birra. Isto não se explica. Isto traduz a apoteose da irresponsabilidade. Estes meninos (e não pondero o factor  idade, pois são mais velhos que eu) são a chacota Nacional. Ou melhor, a Chacota internacional, como tive oportunidade de testemunhar na Turquia
      Os resultados da brincadeira dos garotos foi imediata , saíram da bolsa mais de dois mil milhões de Euros, os juros da divida soberana dispararam no mercado secundário e a agencia de notação financeira S&P colocou o “rating” nacional em “Outlook” negativo. Mais, muitos analistas  ponderam agora com grande probabilidade um novo resgaste . Chamar a isto crise política é ridicularizar o próprio conceito de crise. Isto é uma hecatombe. Não há outro caminho, estes meninos merecem castigo severo. Quem lhes legitimar uma oportunidade fica irrevogavelmente ligado ao momento mais triste da democracia Portuguesa.
     Não interessa aqui a conotação ideológica. Este grave acidente nada tem a ver com esquerda ou direita. Já aqui referi, vezes sem conta, que este desastre Político e social tem o seu comando na Alemanha de Merkel. Fundamentei, não porque seja o meu desejo. Voltarei em detalhe a escrever sobre Merkel , antes das eleições legislativas de Setembro na Alemanha.
    Esta semana que passou , testemunhou, que não temos apenas um problema de governantes Incompetentes e Impreparados. Vou ser mais cruel. O governo chegou ao patamar de produto tóxico. E quando um activo numa empresa passa a ser tóxico deve ser contabilizada a “Imparidade”. Neste caso não só as empresas , é a sociedade que tem que se livrar desta “Imparidade”. Isto, meus amigos, é IRREVOGAVEL
Um abraço
Joaquim

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Porque falha Jesus?

      O falhanço em todos os momentos decisivos é agora factual. Estou desiludido, mas não surpreendido. Já sabíamos que Jorge Jesus falhava com as equipas grandes (Porto, Barcelona, Chelsea, …). Ficamos agora a saber que também falha com as equipas pequenas em momentos decisivos (Estoril, Guimarães ,..) . A questão que se coloca: porque é que isto acontece? Dirão muitos, porque isto é futebol e nada a priori está garantido. De acordo. Mas sugiro estudar o “caso” Jorge Jesus, como atípico, mas paradoxalmente representativo.
        Jesus sabe da sua profissão. É um excelente conhecedor dos aspectos meramente futebolísticos. É justamente referenciado como o mestre da táctica. Tudo isto é relevante, mas será suficiente para liderar uma grande equipa? Não é, na minha perspectiva. Não é sequer o factor decisivo para o sucesso. Consigo fazer uma analogia a outros sectores profissionais. Contra mim falo, mas por exemplo, para liderar uma organização não temos que ter um Financeiro ou Economista. Quantas e quantas empresas têm como CEO um Engenheiro Mecânico, Electromecânico ou Civil. Outras são lideradas por Advogados ou até Arquitectos. Mais ainda, outras por “gestores” sem qualquer qualificação, mas com sucesso.
       Ora, cada vez mais os factores técnicos são importantes mas não decisivos. Muito menos diferenciadores. Tenho, também, cada vez mais claro que é a gestão emocional, que influencia o sucesso. Um líder pode não dominar tecnicamente todas as áreas, mas deve promover o “coaching” e o “teambuilding” aos seus. Deve incutir ambição. Desenvolver dando o exemplo. Transmitir entusiasmo. Motivar, fixando objectivos tangíveis.
     Jorge Jesus, fez tudo ao contrário. Revelou-se um péssimo gestor de Recursos Humanos. Geriu mal as expectativas. Transmitiu uma mensagem de medo. Inferiorizando os jogadores, em vez de lhes incutir Confiança. Desculpou-se antes de jogar. Sobrevalorizou os pontos fracos. como por exemplo o cansaço da equipa. Fez o ridículo de na prévia do jogo de Amesterdão, desculpar-se com a quantidade de jogos acumulados, quando o adversário (Chelsea) tinha realizado muitos mais. Isto sim, cansou mentalmente os jogadores,…
               
    Porque não sou comentador, muito menos de futebol, e principalmente porque na vertente desportiva não faço um “comício” em função de um resultado, deixo-vos na integra o artigo que aqui escrevi em Outubro de 2012 . Infelizmente tinha razão, na “Crucificação de Jesus”. O tempo parece-me também dar-me razão na transposição que aqui fiz em relação ao Primeiro Ministro.(Leiam, são apenas 3 minutos)






 “12 Outubro 2012”
Jorge Jesus, o vencido deslumbrado

     Hoje vou escrever-vos sobre futebol, mas também com uma transposição directa á situação política e social que vivemos. Sou adepto e sócio do Benfica. Tenho dois cativos anuais que renovo todos os anos. Isso não me impede de fazer autocritica. Pelo contrario, dá-me mais lucidez critica.

       A semana passada não falhei esse imperdível duelo Benfica VS Barcelona.
Estádio cheio, a transbordar de emoções e expectativas. Muita cor e muito orgulho de todos neste glorioso clube. Estava do outro lado um super Barça. Mas mesmo assim espera-se um duelo, reitero. Só que esse duelo não existiu. Ouve uma equipa que desistiu antes do jogo começar. Como todos sabemos a grandeza deste desporto prima por não haver vencedores antecipados. Nem sempre ganha o mais forte, e muitas vezes ganha o mais determinado e concentrado. O mais aguerrido consegue, tantas vezes, suplantar o mais talentoso. Perde quase sempre o que se auto inferioriza. O que se diminui. Uma certeza : é sempre derrotado o que se deslumbra com o adversário. Surpreendentemente isso aconteceu neste Benfica-Barça. É absolutamente normal o Barça ganhar ao Benfica dois a zero. Mas é reprovável um clube com o SLB estender, vergonhosamente, a passadeira ao seu adversário. Fiquei chocado. O Benfica corporizou uma atitude patética de plena subserviência. Não estou a exagerar, pois constato que equipas muito mais fracas, como o Getafe ou Levante, deram mais luta e mostraram muito mais dignidade quando defrontaram o mesmo Barça. O empenho, a agressividade, e a ambição não se alienam, senhor Jorge Jesus!

    Arrepiante atitude, mas percebi logo a seguir porquê. Já no carro, ouvi a conferencia de imprensa do treinador. O que o Líder transmitiu á sua equipa antes e depois do jogo ,foi a teoria dos “coitadinhos” que estavam a jogar com a melhor equipa do mundo. Tendo a lata de referenciar que o Benfica afinal tinha jogado muito bem, mas que jogava contra extraterrestres. Fiquei perplexo. Este comportamento, deplorável, daria direito a despedimento numa empresa que luta todos os dias por melhorar a sua performance. Quer dizer que o sr: Jesus já tinha desistido, á priori, de querer ganhar o jogo, e que afinal queria era perder por poucos !! Impressionante vassalagem !  

    Mais, pensava eu, que esta mentalidade retrógrada já não existia. Que esse tempo tinha acabado. Pensava eu que esta mentalidade medíocre já estava banida no actual futebol Português. Até por uma razão muito simples : Portugal vende, através do futebol, uma marca de excelência á escala global. A provar isso está o facto de esta semana, a selecção Nacional ter subido ao terceiro lugar do raking FIFA. Terceiro Lugar!,… e só estamos a falar do desporto mais mediático do planeta ! Em quantos outros sectores de actividade nos posicionamos neste patamar !? Nenhum. Mais ainda quando falamos em termos absolutos. Não está corrigido por nenhum ratio populacional ou complexo geográfico. Dirão alguns dos meus amigos : mas do que nos serve termos uma boa Industria do futebol ? Ficarão surpreendidos se vos disser que o futebol é na Europa o sétimo sector de actividade económica que mais contribui para o Produto Interno Bruto. E nosso caso, produzimos e exportamos em grande escala !

     Voltando a Jorge Jesus, reconheço que este homem sabe de futebol. Muitos o intitulam como o mestre da táctica. Concordo. Sendo essa uma vantagem , não é o factor primordial. Muito menos decisivo no sucesso. Defendo que a Liderança de uma organização está longe de se esgotar na questão técnica. Pelo contrario, é a gestão emocional que hoje diferencia os resultados finais. É a gestão comportamental que incute ambição. É a gestão da mente que faz valorizar os pontos fortes em detrimento das fragilidades. Cada vez mais os factores de ordem emocional e comportamental ganham vantagem em relação á boa utilização da técnica quantitativa. Esses factores abrangem domínios como o “coaching” , a gestão do stresse , a gestão de conflitos , a comunicação eficaz, a gestão do tempo, os índices de motivação. É fulcral o “teambuiding” para atingir os objectivos.
      Jesus sabe de futebol, mas é um péssimo líder. Um medíocre gestor de recursos humanas. Há dois anos perdeu em toda a linha para o Jovem André Vilas Boas. Nos resultados, mas principalmente na comunicação verbal.

      Em antítese a Jorge Jesus, dou-vos um exemplo que a maior parte concordará. 
Jose mourinho pode até não perceber tanto de táctica com Jesus, mas é irrepreensivelmente muito melhor Manager que Jorge Jesus. Sade liderar. Sabe incutir ambição e confiança. É um extraordinário Gestor de Recursos Humanos .Sabe lidar com a variável emocional. Não se inferioriza. Tira a pressão aos jogares concentrando-a em si próprio.. Pode não ser consensual na critica ( como ninguém o é ) , mas é Unânime do reconhecimento e gratidão da parte de todos os seus subordinados. Não há registos de apontamentos negativos de um jogador treinado por Jose Mourinho. Esta analise é muito interessante. Porque nunca, mas nunca , o vi deslumbrado com qualquer adversário..   Resultado inequívoco: Mourinho é um ganhador nato. Mourinho não tem complexo de pequenez. Tem orgulho de ser Português. Isto é, na minha opinião, absolutamente notável.  

      A subserviência de Jorge Jesus ao Barça é análoga á de Passos coelho
a Angela Merkel. Como já escrevi, Mario Draghi ousou confrontar Merkel e ganhou. Através dos Instrumentos do BCE segui um caminho diferente. Por uma vez a Alemanha de Merkel foi derrotada, e os mercados reagiram quase apoteoticamente . Alguma duvida ? Não. Esta foi a única boa noticia que o governo Português aferiu no seu mandato. Os juros baixaram, a pressão sobre a crise da Divida foi atenuada. O que é inacreditável é que Passos Coelho torceu o nariz ao pragmatismo de Draghi em abono a sua “chefe” Angela. Ou seja , o nosso Primeiro Ministro não apoio a única boa noticia concedida aos Portugueses . Isto é irreal, para não dizer trágico, meus amigos.
      Até o FMI nos surpreendeu esta semana. Emite um relatório onde faz meia culpa, e reconhece o erro do excesso de autoridade que requereu. Isto é gravíssimo , uma vez que muitos perderam o emprego e grande parte do tecido empresarial foi destruído. Com tantos avisos como é possível errar , destruindo tantas vidas humanas ? Pois, mais vale tarde que nunca diz sabiamente o povo. A questão agora é : até quando Merkel vai insistir no desastre o e nos levar ao abismo ? até quando teremos ,em nossa casa, governantes Cobardes , submissos e DESLUNBRADOS com os erros (!) dos mais poderosos ??

      Já aqui escrevi sobre a letargia do PROVINCIANISMO de Passos Coelho. O DESLUMBRAMENTO de Jorge Jesus é a mesma face da mesma moeda. Da má moeda, sublinhe-se.

Um Abraço
Joaquim Marques

sábado, 25 de maio de 2013

O (não) exemplo Islandês .

       Hoje vou falar bem do meu País , em contraponto, ao (não) exemplo Islandês. Não porque o nosso momento seja bom, muito menos exemplar. Longe disso. Nem na vertente da performance da Economia, nem na variante social. Ao contrario, o falhanço é pleno em todas as metas que foram delineadas. A promessa do empobrecimento, essa sim, foi cumprida na plenitude . E, infortunadamente, de uma forma confrangedora e eficaz. A economia afunda-se, e o caminho para o colapso total é agora curto. Requer-se uma Inflexão urgente para reverter este desastre anunciado.  
         Ora, isso não justifica a esquizofrenia insuportável de muitos comentadores quando nos querem iludir com exemplo Islandês. Fico perplexo quando vejo escrito, vezes sem conta, que esse foi exemplar, face o pleonasmo. Que a solução de sair da crise passa, por seguir-mos o mesmo caminho. Discordo em absoluto. Nada mais enganoso, e defendo-o  com toda a convicção. Para facilmente fundamentar porque assim penso, começo por uma constatação sem contraditório. A Islândia faliu, enquanto Portugal está num processo de assistência financeira. A Islândia era um dos Países mais prósperos do mundo. Liderava, ou estava no topo de todos os “rakings” de bem estar. Como por exemplo no “Índice de desenvolvimento humano”.  E,.. colapsou . Colapsou no coração da sua economia, no sistema financeiro, pelo rebentamento da bolha imobiliária.
   Mas como era um País com moeda própria, optou pelo caminho mais fácil . Desvalorizou 70% a sua moeda em relação ao Euro. Esta correcção aconteceu de um dia para outro. O significado pratico é muito simples : também de um dia para o outro os Islandeses viram o seu poder de compra ser corrigido em 70%. De um dia para o outro empobreceram dramaticamente.
    Obviamente que este brutal ajustamento tem uma componente positiva. Tudo aquilo que a Islândia produz passa a ser altamente competitivo pela via das exportações. Verdade que esse efeito acaba por gerar emprego e induz em crescimento económico. Mas vamos á analise dos números que surpreenderam os nossos pseudo “fazedores de opinião”. Ao fim de algum tempo a economia cresceu 3,5% . Parece um bom rácio na conjuntura global, certamente. Mas absolutamente irrisório se comparado com o “downgrade” de 70% que referi . O balanço é assustadoramente negativo. Mas os nossos analistas ficaram altamente DESLUMBRADOS com este desempenho. Ridículo.
   Em Portugal, estamos perante uma conjuntura decepcionante , como referi ao principio, mas apesar de tudo positivamente diferençável do caos Islandês.
    Tudo isto na Economia . Mas fico também esclarecido quanto á “massa” que compõem o celebro  dos nossos “opinion Makers” . E agora em relação ao julgamento de Políticos. Também aqui todos ficaram deslumbrados por os Governantes Islandeses  terem ido a julgamento ,em tribunais civis, pelos danos causados pelas suas Politicas. Até o Primeiro Ministro foi a julgamento. Sim, Isso é Verdade. Toda a gente aplaudiu .  Ora, interessa saber o resultado. Pois bem, foram todos absolvidos, sem excepção !  Só que isso já não foi noticia. Isso já não empolgou os “media” Portugueses.
  Mais ainda, a Islândia foi a eleições legislativas á 3 semanas atrás . E sabem o que é surpreendente !?  Ganhou o mesmo partido que levou o País á Bancarrota!!  E aqui como uma particularidade inédita. Este partido de centro direita que ganhou as eleições foi o mesmo que governou durante 17 anos ( repito 17!!) e que levou a Islândia ao abismo. De lapidar !   Aqui não há desculpas de heranças de governos anteriores !  
       Percebem agora, os meus amigos, quando referencio o “não” exemplo Islandês. Mas para mim esta constatação é também elucidativa , daquilo que há muito escrevo como o pior défice da nossa Democracia . A ausência de MASSA CRITICA. O País é claramente melhor que as elites que o representam.
    Este DESLUMBRAMANTO (reincido na carga negativa deste adjectivo) permanente pelo que vem “ de fora”  é a maior das forças de bloqueio da nossa sociedade. Esta humilhante submissão, não se justifica por ser-mos a mais jovem democracia da Europa. Esta mentalidade retrógrada, não se desculpa. Altera-se.
   Neste caso que hoje descrevo, estava longe de imaginar que este PROVINCIANISMO BACOCO também era extensível á Economia !!!  Populismo na Economia é doença grave.
Um grande abraço
Joaquim